QUILOMBOS & QUILOMBOLAS
Teresa
Christensen
Quando
falamos de escravidão, um dos últimos lugares lembrados é a Região Noroeste do
Rio Grande do Sul, uma vez que somos conhecidos como um espaço ocupado por
imigrantes europeus, seus descendentes e com pouca miscigenação. Aqui foram
criadas colônias para as mais diversas etnias e colônias específicas para
descendentes de alemães católicos, descendentes de alemães evangélicos,
italianos, poloneses , russos , suecos , holandeses, e outros povos europeus.
A preservação das nossas tradições, hábitos e
festas, como também as características físicas da nossa população costumam ser
considerados herança exclusiva do imigrante europeu ou dos colonizadores
português e espanhol. Pouco se fala de herança negra e indígena.
Por muitas razões presença de escravos negros
na Região Noroeste permaneceu ignorada. O que a História Oficial registra é a
completa ausência de escravos no noroeste do Estado. No entanto, eles estavam
presentes desde que os portugueses ocuparam as Missões Jesuíticas em 1801.
Sobre “Quilombos” , muito pouco ou quase nada
se fala ou se ouviu falar. Então, aproveito a oportunidade para colocar uma
definição : “ Quilombo é a comunidade formada pela fuga de negros, índios e brancos
pobres do regime de trabalho forçado, alienado e desumano da escravidão. Os
negros se rebelavam e fugiam de seus senhores e do meio de vida exploratório em
que viviam e formavam comunidades em locais dentro das matas e sertões, o mais
longe possível das cidades, vila ou fazendas. .” A palavra Quilombo é de origem
Bantu (povos africanos que viviam na região hoje conhecida como Angola
)Originalmente a palavra era utilizada para designar lugar de pouso ou
paragens, No Brasil ficou conhecida como definição de local de refúgio de
negros escravizados.
O que a maioria população do nosso município
ignora e pode ser até motivo de espanto é que temos um Quilombo há apenas 15
quilômetros da cidade de Santa Rosa. Trata-se da Comunidade Quilombola Correa,
localizada no Distrito de São Paulo das Tunas, no interior do Município de
Giruá .Os mais velhos relatam que os seus pais vieram de Cruz Alta, local para
onde os escravos eram trazidos e distribuídos para outras localidades. Recordam
também que ao chegarem em Giruá foram trabalhar na retirada de madeira das
matas nativas para serem utilizadas na construção da ferrovia, isto por volta
do final da década de 20.
Residem atualmente na Comunidade Quilombola
Correa 08 famílias que somam 18 pessoas todas descendentes da família de
Alzemiro Batista Correa e Eloina Luiza Correa. Considerando os parentes
diretamente ligados as famílias da Comunidade, a população chega a 25 pessoas,
alguns residindo no município de Santa Rosa. As famílias compartilham uma área
de 6,0 hectares de terra e cultivam diversos alimentos e criam animais para a
sua sobrevivência.
.Assim, como podemos registrar , os Quilombos
não pertencem somente ao nosso passado escravista, tampouco se configuram no
presente momento como comunidades isoladas, no tempo e no espaço, sem qualquer
participação na nossa estrutura social. Ao contrário. A Comunidade Quilombola
se mantém viva e atuante, lutando pelo direito de propriedade da sua terra,
consagrado pela Constituição Federal de 1988.Os seus integrantes buscam se
inserir nos espaços sociais e culturais do Distrito de São Paulo das Tunas,
como também das comunidades próximas.
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